Dra. Daniela Gontijo – Dermatologista

Se você é pai ou mãe e percebeu que seu filho está com pequenas feridinhas na pele, crostas amareladas perto do nariz ou da boca, ou bolhas que se rompem com facilidade, é normal ficar preocupado. Essas lesões podem indicar uma condição dermatológica muito comum entre crianças pequenas: o impetigo.

Apesar do nome que pode soar estranho ou até assustador, o impetigo é uma infecção de pele superficial, geralmente fácil de tratar quando diagnosticada precocemente, mas que merece atenção profissional, principalmente para evitar a transmissão e complicações.

Neste artigo, vamos explicar o que é o impetigo, por que ele é tão comum em crianças, os sinais de alerta, como é feito o tratamento e, o mais importante: por que é fundamental consultar um dermatologista que tenha experiência em pele infantil.


O que é Impetigo?

O impetigo é uma infecção bacteriana que atinge as camadas mais superficiais da pele (epiderme) e é considerada altamente contagiosa. É mais comum em crianças de 2 a 6 anos de idade, mas pode aparecer também em bebês e, em casos mais raros, em adultos.

Essa infecção é causada, na maioria das vezes, pelas bactérias:

  • Staphylococcus aureus
  • Streptococcus pyogenes

Essas bactérias podem viver naturalmente na pele e nas vias respiratórias, sem causar doenças. No entanto, quando encontram alguma “porta de entrada” — como um arranhão, picada de inseto, lesão causada por coceira ou outra doença de pele, como dermatite atópica —, podem se multiplicar e causar infecção.


Por que o Impetigo é mais comum em crianças?

A pele infantil tem características bem diferentes da pele do adulto:

  • É mais fina e delicada, o que facilita a penetração de micro-organismos;
  • O sistema imunológico ainda está em desenvolvimento, o que torna a criança mais suscetível a infecções;
  • A frequente exposição a ambientes coletivos, como escolas e creches, facilita o contágio;
  • As crianças têm o hábito de coçar e manipular a pele com as mãos sujas, o que favorece a disseminação da infecção.

Além disso, doenças de pele pré-existentes, como eczema (dermatite atópica), aumentam o risco de surgimento do impetigo, pois a pele já está fragilizada e inflamada.


Como o Impetigo se apresenta? Quais os sintomas?

O impetigo pode aparecer de duas formas principais:

1. Impetigo não bolhoso (com crostas)

É o tipo mais comum. As lesões começam como pequenas manchas vermelhas que rapidamente evoluem para bolhas ou vesículas que se rompem, liberam um líquido claro ou amarelado e formam crostas douradas, com aspecto de “mel seco”.

Geralmente aparecem no rosto (principalmente ao redor do nariz e da boca), braços e pernas. A criança pode sentir coceira, mas nem sempre há dor ou febre.

2. Impetigo bolhoso

Mais comum em bebês, esse tipo é causado principalmente por Staphylococcus aureus. Forma bolhas maiores, cheias de líquido claro que depois se tornam turvo. Essas bolhas se rompem e deixam áreas de pele avermelhada e úmida.

Esse tipo de impetigo costuma surgir em áreas de dobras, como axilas, pescoço e região da fralda.


O Impetigo é perigoso? Pode causar complicações?

Na grande maioria dos casos, o impetigo é leve e localizado, mas se não for tratado corretamente, pode:

  • Se espalhar para outras partes do corpo;
  • Contaminar outras crianças;
  • Evoluir para uma infecção mais profunda (como celulite);
  • Em raros casos, levar a complicações como glomerulonefrite pós-estreptocócica — uma inflamação nos rins que pode ocorrer após infecções por Streptococcus.

Por isso, é essencial reconhecer os sinais precocemente e buscar atendimento dermatológico o quanto antes.


Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do impetigo geralmente é clínico, ou seja, feito com base na observação das lesões pelo médico dermatologista. Em alguns casos, principalmente se houver dúvida ou infecções recorrentes, pode ser solicitado:

  • Exame bacteriológico da secreção das lesões (cultura);
  • Exame de urina, caso haja suspeita de complicações renais;
  • Avaliação de outras condições dermatológicas associadas.

Mas o ponto-chave aqui é: não tente diagnosticar por conta própria com base em imagens da internet. Muitas doenças de pele têm aparência semelhante — como catapora, herpes, dermatite de contato, alergias — e o uso de medicamentos errados pode agravar o quadro.


Como é feito o tratamento do impetigo?

O tratamento depende do tipo de impetigo, da extensão das lesões e da idade da criança:

🧴1. Tratamento tópico

Nos casos leves e localizados, é possível controlar o impetigo com pomadas antibióticas específicas, prescritas pelo médico. As mais usadas são à base de mupirocina ou ácido fusídico.

O tratamento tópico deve ser feito por no mínimo 5 dias, mesmo que as lesões melhorem antes disso.

💊2. Tratamento oral (antibiótico sistêmico)

Quando as lesões são muito extensas, há presença de febre ou risco de disseminação, o médico pode prescrever antibióticos por via oral.

Nunca utilize antibióticos sem orientação médica.


E quanto aos cuidados em casa?

Além do tratamento com medicamentos, alguns cuidados ajudam na recuperação e evitam a disseminação da infecção:

  • 🧼 Lave as mãos com frequência, especialmente após tocar nas lesões;
  • ✂️ Corte as unhas da criança bem curtinhas para evitar machucar a pele ao coçar;
  • 🚿 Higienize as lesões com água e sabonete neutro, conforme orientação do dermatologista;
  • 🚫 Evite cremes ou pomadas caseiras;
  • 👕 Troque roupas, toalhas e lençóis com frequência;
  • 🧸 Evite o compartilhamento de brinquedos de pano, toalhas ou roupas com irmãos e coleguinhas até que as lesões estejam curadas;
  • 🏫 Afastar a criança da escola pode ser necessário em alguns casos, para evitar surtos de contágio.

Por que procurar um dermatologista com experiência em pele infantil?

A pele da criança não é apenas uma “versão menor” da pele do adulto. Ela tem características únicas que exigem:

  • Uso de produtos e medicamentos específicos;
  • Atenção à sensibilidade cutânea;
  • Ajustes de dosagem conforme idade e peso;
  • Abordagem acolhedora e respeitosa com o medo e a ansiedade comuns nos pequenos.

Um dermatologista com formação em dermatologia pediátrica compreende essas nuances e oferece tratamento eficaz, seguro e humanizado.


E se o impetigo voltar várias vezes?

Quando a criança tem impetigo de forma recorrente, é importante investigar:

  • Se há doenças de pele associadas, como dermatite atópica;
  • Se há foco de infecção crônico, como narinas ou garganta;
  • Se alguém na família está transmitindo a bactéria;
  • Se há necessidade de reforçar hábitos de higiene no ambiente escolar ou doméstico.

Nesses casos, o acompanhamento contínuo com o dermatologista é essencial para evitar novas infecções e melhorar a saúde da pele como um todo.


Conclusão: Cuidar da pele da criança é um gesto de amor e proteção

O impetigo pode parecer uma infecção simples à primeira vista, mas não deve ser subestimado. Com um diagnóstico precoce, tratamento correto e os cuidados adequados, a recuperação costuma ser rápida e sem complicações.

Ao perceber qualquer alteração na pele do seu filho, o mais importante é evitar automedicação e buscar ajuda de um dermatologista especializado em crianças. Isso garante um cuidado mais assertivo, seguro e respeitoso com o que há de mais importante: a saúde do seu filho.

Dra. Daniela Gontijo Andrade Junqueira

Dermatologista

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