Dra. Daniela Gontijo – Dermatologista

A dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é uma das doenças de pele mais comuns na infância, especialmente nos primeiros anos de vida. Apesar de não ser contagiosa, ela pode causar grande desconforto para as crianças e preocupação para os pais. Este artigo traz informações essenciais, de forma clara e acessível, para que você compreenda o que é a dermatite atópica, como identificá-la, suas causas, tratamentos e dicas para o dia a dia. 

O que é Dermatite Atópica? 

A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica da pele, caracterizada por lesões que causam coceira intensa, vermelhidão, ressecamento e, em alguns casos, pequenas bolhas ou crostas. Ela costuma surgir nos primeiros anos de vida, frequentemente antes dos 5 anos, mas pode persistir até a adolescência ou vida adulta. 

Embora qualquer pessoa possa desenvolver a doença, ela é mais comum em bebês e crianças pequenas. A dermatite atópica faz parte do chamado “grupo das doenças atópicas”, junto com a asma e a rinite alérgica, e muitas vezes há histórico dessas condições na família. 

Principais Sintomas 

Os sintomas da dermatite atópica variam conforme a idade e a gravidade, mas costumam aparecer em ciclos, alternando períodos de melhora e piora (as chamadas “crises”): 

• Coceira intensa (prurido), que pode ser pior à noite 

• Vermelhidão e manchas na pele 

• Ressecamento e descamação 

• Pequenas bolinhas ou caroços 

• Espessamento da pele em áreas crônicas 

• Feridas e crostas, especialmente após coçar 

• Mudança na cor da pele nas áreas afetadas (mais clara ou escura) 

Locais mais comuns das lesões: 

• Bebês: bochechas, testa, couro cabeludo, parte externa dos braços e pernas 

• Crianças maiores: dobras dos cotovelos, joelhos, pescoço, pulsos e tornozelos 

• Adultos: pescoço, mãos, pés e dobras do corpo 

Causas e Fatores de Risco 

A dermatite atópica é uma doença multifatorial, ou seja, resulta da combinação de diversos fatores. O principal deles é a predisposição genética: crianças com familiares que têm dermatite atópica, asma ou rinite alérgica têm mais risco de desenvolver a doença. 

Outros fatores contribuem para o surgimento e agravamento dos sintomas: 

Alteração da barreira da pele: A pele das pessoas com dermatite atópica é mais “fina”, perde água com facilidade e permite a entrada de agentes irritantes e alérgenos. 

Disfunção do sistema imunológico: O sistema de defesa do corpo reage de forma exagerada a estímulos ambientais, causando inflamação na pele. 

Fatores ambientais: Mudanças de temperatura, clima seco, poluição, poeira, contato com produtos químicos, tecidos sintéticos ou de lã, e até suor em excesso podem piorar as crises. 

Fatores emocionais: Estresse e ansiedade podem desencadear ou agravar os sintomas. 

Alteração do microbioma da pele: Mudanças nas bactérias naturais da pele também contribuem para a inflamação. 

Como é feito o Diagnóstico? 

O diagnóstico da dermatite atópica é clínico, ou seja, feito pelo dermatologista com base na avaliação dos sintomas, histórico familiar e exame físico. Não existe um exame laboratorial específico para confirmar a doença, mas, em alguns casos, testes de alergia podem ser solicitados para investigar possíveis fatores desencadeantes. 

Tratamento: Como Controlar a Dermatite Atópica? 

Apesar de não ter cura definitiva, a dermatite atópica pode ser controlada com tratamento adequado e cuidados diários, proporcionando qualidade de vida para a criança e a família. 

1. Cuidados Gerais com a Pele 

Hidratação diária: Aplique hidratantes sem perfume e sem corantes logo após o banho, com a pele ainda úmida. Isso ajuda a restaurar a barreira da pele e diminuir o ressecamento. 

Banhos curtos e mornos: Evite água quente e banhos demorados. Prefira banhos rápidos, com água morna, usando sabonetes suaves ou substitutos de sabonete. 

Secagem suave: Seque a pele com toalha macia, sem esfregar, apenas “dando batidinhas”. 

Evite roupas de lã ou sintéticas: Prefira roupas de algodão, que não irritam a pele. 

Evite exposição a fatores irritantes: Poeira, produtos de limpeza, perfumes e amaciantes podem piorar os sintomas. 

Corte as unhas da criança: Unhas curtas evitam ferimentos causados pelo ato de coçar. 

2. Tratamento Medicamentoso 

O tratamento deve ser sempre orientado por um dermatologista, que pode indicar: 

Cremes ou pomadas com corticoides: Usados nas áreas inflamadas, ajudam a controlar a crise. O uso deve ser feito conforme orientação médica, para evitar efeitos colaterais. 

Imunomoduladores tópicos: Alternativa aos corticoides em algumas situações, especialmente para uso prolongado. 

Anti-histamínicos: Podem ser prescritos para aliviar a coceira, principalmente à noite. 

Medicamentos orais ou injetáveis: Em casos graves, podem ser necessários  imunossupressores ou medicamentos biológicos, sempre sob supervisão médica especializada. 

Tratamento de infecções: Se houver sinais de infecção (pus, crostas amareladas, febre), o médico pode indicar antibióticos ou antivirais. 

3. Outras Medidas 

Fototerapia: Em casos selecionados, a exposição controlada à luz ultravioleta pode ser indicada por especialistas. 

Dicas para Evitar Crises 

• Mantenha a pele hidratada todos os dias, mesmo fora das crises. 

• Evite banhos quentes e demorados. 

• Use roupas leves e de algodão. 

• Identifique e evite fatores que desencadeiam as crises (calor, suor, poeira, alimentos específicos). 

• Reduza o estresse e incentive atividades relaxantes para a criança. 

• Oriente a criança a não coçar, propondo distrações ou usando luvas de algodão durante a noite. 

• Mantenha o ambiente limpo, arejado e sem excesso de pó. 

Quando Procurar o Dermatologista Infantil? 

Procure o dermatologista se: 

• A criança apresentar sintomas persistentes de coceira, vermelhidão e descamação na pele. 

• Houver piora dos sintomas, mesmo com os cuidados em casa. 

• Aparecerem sinais de infecção (pus, crostas amareladas, dor, febre). 

• Tiver dúvidas sobre o uso de medicamentos ou sobre os cuidados diários. 

O acompanhamento regular com o especialista é fundamental para ajustar o tratamento, prevenir complicações e orientar a família sobre o manejo da doença. 

Perguntas Frequentes 

Dermatite atópica tem cura? 
Não existe cura definitiva, mas a maioria das crianças apresenta melhora significativa dos sintomas com o passar dos anos, principalmente após a puberdade. O controle adequado reduz muito o impacto da doença na vida da criança e da família. 

A doença é contagiosa? 
Não. Dermatite atópica não passa de uma pessoa para outra. 

Alimentação influencia nas crises? 
Em alguns casos, alimentos podem desencadear ou piorar as crises, especialmente em crianças com alergias alimentares já diagnosticadas. O médico pode orientar sobre restrições alimentares se necessário. 

É possível prevenir a dermatite atópica? 
Não é possível prevenir totalmente, pois há forte componente genético. No entanto, cuidados com a pele desde cedo ajudam a evitar crises e complicações. 

Considerações Finais 

A dermatite atópica é uma condição comum na infância, que pode trazer desconforto, mas pode ser controlada com cuidados simples e acompanhamento médico. O papel dos pais e cuidadores é fundamental para garantir a hidratação da pele, evitar fatores desencadeantes e buscar orientação médica sempre que necessário. Com informação e atenção, é possível proporcionar uma infância mais tranquila para as crianças com dermatite atópica. 

Se você suspeita que seu filho tem dermatite atópica, agende uma consulta com um dermatologista infantil. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado fazem toda a diferença para o bem-estar da criança e da família. 

Dra. Daniela Gontijo Andrade Junqueira

Dermatologista

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